No ano passado escrevi sobre este assunto.
Felizmente que a nível nacional ele não foi esquecido e, seja em Serpa, no Alentejo, seja em Lisboa na Praça dos Restauradores, aqui com pompa e circunstância, o 1º de Dezembro foi comemorado condignamente.
“Às cerimónias promovidas pela Sociedade Histórica para a Independência de Portugal e a Câmara de Lisboa, juntam-se, pelo segundo ano consecutivo as iniciativas do Movimento 1º de Dezembro, criado para restaurar o feriado.”
Aliás este movimento cívico, com o qual concordamos pessoalmente também expõe os seus motivos: "As comemorações são sempre organizadas em conjunto pela Sociedade Histórica para a Independência de Portugal e a Câmara Municipal de Lisboa, foi sempre assim nos vários figurinos que teve. Nós, Movimento 1º de Dezembro, não alteramos isso, procurámos acrescentar, com a nossa iniciativa, com a nossa criatividade, com o nosso entusiasmo, alguns factos novos a essas celebrações", disse à Lusa José Ribeiro e Castro, do movimento.
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É nestes pressupostos que várias opiniões foram plasmadas nos matutinos lisboetas e uma delas foi deveras acutilante:
Escreveu Luis Menezes Leitão (professor da Faculdade de Direito de Lisboa) no diário I de 3 de Dezembro na rúbrica Exame Prévio: “Se há feriado que merecia ser festejado é o 1º de Dezembro, data em que heróis nacionais terminaram com o domínio castelhano, evitando que Portugal estivesse hoje na situação da Catalunha, multiplicando manifestações a pedir uma independência que a Espanha nunca lhe outorgará. Infelizmente, no entanto, este governo, que se gaba de dirigir um protectorado da troika, foi incapaz de preservar este símbolo da independência nacional, decretando sem um protesto a abolição dos nossos feriados. Ficámos a saber que os nossos governantes são capazes de usar uma bandeirinha na lapela do casaco, mas se mostram incapazes de defender a verdadeira bandeira nacional, a que simboliza a nossa independência. Não temos dúvidas que o feriado da Restauração irá ser restaurado e que o governo que o aboliu será encarado como uma mera página negra na história de Portugal.” E termina com o poema de Fernando Pessoa “Nevoeiro”: (…) tudo é incerto e derradeiro. Tudo é disperso, nada é inteiro. Ó Portugal, hoje és nevoeiro… É a Hora!” (fim de citação)
As comemorações da Sociedade Histórica para a Independência de Portugal que decorreram na praça dos Restauradores, tiveram a intervenção do presidente da Câmara de Lisboa, António Costa, de José Ribeiro e Castro, do movimento 1º de Dezembro, e de José Batista Pereira, presidente da Assembleia Geral da Sociedade Histórica da Independência de Portugal – de referir que este militar já desempenhou o mais alto cargo militar nos Açores, há mais de uma dezena de anos. Um dos oradores, Ribeiro e Castro, do movimento 1º de Dezembro, disse à Lusa que estão recolhidas mais de duas mil das 35 mil assinaturas necessárias para levar à Assembleia da República uma iniciativa legislativa de cidadãos.
O feriado de 1 de Dezembro foi eliminado através da aprovação de um novo Código do Trabalho, a 11 de maio do ano passado, em conjunto com o feriado da Implantação da República (5 de Outubro) e os feriados religiosos de Corpo de Deus (60 dias após a Páscoa) e do Dia de Todos os Santos (1 de Novembro).
Quem tiver gosto em encontrar outros pormenores da cerimónia que ocorreu este ano em Lisboa, basta consultar o site da edilidade que profusamente discorra sobre a mesma - http://www.cm-lisboa.pt/noticias/detalhe/article/comemoracoes-do-dia-da-restauracao-1o-de-dezembro.
Confiamos que mais ano menos ano, tal como na minha infância escolar, este feriado voltará a ser comemorado com empenho, entusiasmo e elevado espírito cívico e patriótico.
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